Serviços públicos digitais prometem maior eficiência e acessibilidade para a população, mas será que todos estão conseguindo colher esses benefícios na prática?
Fazendo uma reflexão na questão de como serviços digitais podem servir a quem está offline e pesquisa sobre ampliação de acesso digital no país, o documento denominado como Estratégia Brasileira para a Transformação Digital (E-Digital) Ciclo 2022-2026 aborda ações estratégicas propostas para o eixo habilitador Infraestrutura e acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação, que ao meu ver são importantes para tal melhora de tal cenário, os quais são:
Fortalecer a prestação de serviços de telecomunicações de provedores de pequeno porte (PPP) ou provedores regionais, bem como facilitar o acesso a infraestruturas de rede, especialmente as de grande tráfego, promovendo a inclusão digital, econômica e financeira de classes menos favorecidas, de varejistas de pequeno porte, da população em regiões remotas e/ou onde grandes operadoras estão ausentes, buscando a elevação da qualidade do serviço.
Ampliar o número de pontos atendidos pelo programa Wi-Fi Brasil.
Viabilizar a aplicação de recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) na expansão do acesso à banda larga e na ampliação de seu uso, tanto em ambientes urbanos como em áreas rurais e remotas.
Apoiar iniciativas para desenvolvimento e implantação da infraestrutura de redes de telecomunicações avançadas, por meio de parcerias público-privadas.
Expandir os serviços aos municípios com baixo índice de conectividade ou baixa velocidade de conexão, por meio da
disponibilização de redes de alta velocidade ou de serviços via satélite.
Fortalecer a utilização dos recursos dos Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) para o desenvolvimento da infraestrutura para a transformação digital.
Acompanhar a implementação do 5G no Brasil, inclusive das metas e contrapartidas estipuladas no edital de licitação.
Estimular e viabilizar a implantação conjunta de infraestruturas sinérgicas, como, por exemplo:
i) cabeamento subterrâneo de redes de banda larga em conjunto com rede de energia ou iluminação pública; e
ii) construção e pavimentação de rodovias (política dig once), agilizando a aprovação de obra pelo direito de passagem (política right of way) pelas agências reguladoras, atentando para questões ambientais.
Promover a harmonização da legislação de municípios, com o intuito de atualizar as leis de uso e ocupação de solo e agilizar os processos de emissão de alvará para instalação de infraestrutura de redes telemáticas (antenas).
Promover a implantação de redes seguras (abrangendo recursos de conectividade, processamento e armazenamento) para integrar instituições de pesquisa, educação e saúde em redes de alta velocidade, estimulando o intercâmbio científico e tecnológico e, paralelamente, beneficiando populações situadas em regiões remotas.
Realizar investimentos de longo prazo e articulação entre iniciativas de infraestrutura de comunicação de dados, computação (como computação de alto desempenho, ou high performance computing – HPC) e armazenamento de dados, de maneira a atender as necessidades de serviços de ciberinfraestrutura para grandes projetos de ciência e tecnologia, em cooperação com empresas altamente demandantes de TIC, apoiando projetos de PD&I nesse setor.
Também, são abordados resultados das ações realizadas para o respectivo eixo habilitador no quadriênio 2018-2022 que podemos elencar.
Liberação da faixa de radiofrequência de 700 MHz nos municípios que não dependem desta faixa na transição para a TV digital (BRASIL, 2020a).
Reformulação do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) para possibilitar sua aplicação na expansão do acesso à banda larga e ampliação do seu uso em ambientes urbanos e em áreas rurais e remotas. O Fust foi revisado e a nova lei, editada. O texto aguarda análise da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para regulamentar sua operacionalização (BRASIL, 2020a).
Publicação e ocorrência do Leilão do 5G no final de 2021. A portaria, lançada em janeiro de 2021 (BRASIL, 2021a),
estipulou os prazos para oferta de 5G: até 31 de julho de 2022, nas capitais brasileiras, e até 2028, para as demais
localidades.
Uso de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) em 2020 e 2021 para direcionar recursos a projetos estruturantes
que visam à ampliação da conectividade em municípios não atendidos pelas operadoras e à redução do índice de quedas de sinal em alguns municípios, assim como à construção de infraestrutura de backbone de fibra óptica para municípios desassistidos (ANATEL, 2022b).
O projeto Bella, que abriga o cabo submarino EllaLink e marca o desenvolvimento da cooperação entre Brasil e Europa em áreas de pesquisa, com objetivo de criar alta conectividade entre o continente europeu e a América Latina.
O Programa Norte Conectado (BRASIL, 2022c) avançou entre 2018 e 2022. Seu objetivo é melhorar a conectividade
na Região Norte, por meio da criação da infovia subfluvial utilizando cabos de fibra óptica por toda a região amazônica. O trecho entre Macapá (AP) e Santarém (PA) já conta com os insumos para instalação da rede, tendo recebido 770 km de fibras até 2021. Foi iniciada, ainda, a construção das redes metropolitanas que vão conectar escolas, instituições de ensino superior e técnico, de pesquisa, pontos do judiciário e hospitais universitários nas cidades do trajeto.
O Programa Nordeste Conectado (BRASIL, 2022d) visa a expandir e interiorizar redes de alta velocidade na Região
Nordeste. Até 2022, foram implantados equipamentos para iluminação das rotas Fortaleza (CE) a Teresina (PI) e instalação das rotas Teresina (PI) – Sobradinho (BA) e Salvador (BA), chegando a aproximadamente 4.000 km de novas redes iluminadas ou em implantação. Ademais, vêm sendo construídas ou ampliadas 19 redes metropolitanas, com a instalação de 38 pontos do Programa Wi-Fi Brasil (BRASIL, 2022b).
As Redes MCTI/Embrapii de Inovação em Inteligência Artificial e Transformação Digital também vêm atuando nesta área de compartilhamento de conhecimento e de infraestrutura em suas unidades, voltadas ao atendimento de demandas empresariais de P&D com foco em serviços de cibersegurança.
A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a partir de recursos do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico
das Telecomunicações (Funttel), estruturou linhas de apoio à ampliação da conectividade e da banda larga via financiamento a equipamentos desenvolvidos no Brasil, em programas como o Aquisição Inovadora e o Finep 5G (Fonte: Finep).
Ampliação da conectividade nas escolas, especialmente nas rurais. Cerca de 10 mil escolas foram atendidas pelo Programa Inovação Educação Conectada (Piec).